Queda nos índices de cobertura vacinal no país e a pandemia do novo coronavírus alertam para a importância da atualização da carteira de vacinação antes do retorno às aulas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde e a Unicef, a taxa de cobertura vacinal teve queda de 85% na última década. O Brasil ocupa o 3° lugar no mundo entre os países com a menor taxa de cobertura vacinal para a DTP (Tríplice bacteriana). O laboratório Frischmann Aisengart, por sua vez, notou, também, uma queda das imunizações contra a meningite e a catapora de 79% e 38% respectivamente, em comparação ao primeiro semestre de 2019.
Apesar de ainda não haver a liberação para as atividades escolares presenciais em Curitiba, que depende da evolução dos casos da Covid-19 na capital, é de extrema importância que a carteira de vacinação das crianças esteja em dia. Uma lei sancionada em 2018, inclusive, tornou obrigatória a apresentação da carteira de vacinação nas escolas públicas e particulares do Paraná. No entanto, a medida não faz com que o aluno sem imunização seja impedido de frequentar a escola. A regra entrou em vigor em 2019.
Segundo Myrna Campagnoli, diretora médica do Laboratório Frischmann Aisengart – que integra a Dasa, empresa de medicina diagnóstica –, a descontinuidade as falhas e atrasos no calendário na carteira de vacinação das crianças aumenta o número de indivíduos suscetíveis a doenças e viroses. “Por causa da pandemia, os responsáveis deixaram de procurar as unidades de saúde ou serviços privados de vacinação com medo da infecção pelo coronavírus. Mas, é importante ressaltar que, mesmo neste momento, as doses de vacinação devem ser realizadas nas crianças seguir as recomendações de vacinação para crianças e adolescentes é essencial para que não haja um aumento no número de pessoas doentes ou surtos de viroses quando as aulas presenciais retornarem”, explica.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o não comparecimento de crianças aos postos para a atualização da vacinação pode impactar nas taxas de cobertura vacinal e colocar a saúde de todos em risco no retorno às suas rotinas.
Myrna Campagnoli ressalta os riscos das crianças contraírem doenças imunopreveníveis e do ressurgimento de quadros clínicos graves. “Além do risco das crianças contraírem a Covid-19, elas também ficam propensas a apresentar doenças mais graves. As vacinas protegem contra doenças graves, que podem causar morte e sequelas permanentes. Por isso, antes do retorno às aulas, uma conscientização é necessário para que os pais façam os apliquem as doses e reforços das vacinas em seus filhos.”
Segundo a médica, isso também pode acontecer com adultos, idosos e adolescentes que deixarem de se vacinar. “A imunização das outras faixas etárias é igualmente importante, em especial os idosos que têm um risco maior de complicações de doenças. se expostos à Covid-19”, finaliza.
Paraná terá campanhas de multivacinação e contra a pólio em outubro
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná acompanhará a estratégia do Programa Nacional de Imunizações e vai promover de 5 a 30 de outubro as campanhas de Multivacinação e de Vacinação contra a Poliomielite, dirigida às crianças e adolescentes.
No Estado, a ação envolverá a Vigilância Epidemiológica e a Atenção Primária, que articularão as atividades junto às 22 Regionais de Saúde e às secretarias municipais. O objetivo é atualizar a caderneta de vacinação e assim melhorar as coberturas vacinais, e manter controladas, eliminadas ou erradicadas várias doenças, como meningite, sarampo, caxumba, rubéola, coqueluche, diarreia por rotavírus, difteria, tétano, hepatites, febre amarela e HPV, vírus que pode provocar o câncer entre os jovens.
Serão ofertadas 14 vacinas na Multivacinação para crianças e adolescentes menores de 15 anos, além da vacina contra a poliomielite (VOP) para crianças a partir de 12 meses e menores de cinco anos de idade.
“Será uma grande operação que tem o objetivo de proteger crianças e adolescentes em todas as cidades do Paraná. Desde 2012, o Ministério da Saúde promove esta campanha, mas, neste ano, com a Covid-19, o apelo é ainda maior. Os pais devem levar os filhos para a atualização das vacinas, que são seguras e salvam vidas”, afirma o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto.
Sobre a campanha, a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da secretaria, Maria Goretti David Lopes, explica ” A estratégia consiste em oportunizar um único momento no qual são oferecidas à população-alvo as várias vacinas, facilitando assim o acesso das famílias, garantindo a imunização”.
Segundo a diretora, na última segunda-feira (14) a pasta promoveu uma atividade online com a participação de profissionais de todo o Estado, envolvidos na vacinação, para atualizar informações sobre a campanha. “Os municípios estarão abastecidos e, desde já, devem preparar logísticas de parcerias para a vacinação extramuros, em locais amplos e arejados para se evitar aglomerações e seguindo as recomendações do Ministério da Saúde e da Sesa para proteção da Covid-19”, disse a diretora.
A secretaria estadual orienta ainda que seja feita a busca ativa do público indicado no decorrer da campanha. “Como algumas vacinas estão acondicionadas em frascos com maior número de doses é preciso mapear e identificar antecipadamente as crianças e adolescentes para não haver perda e consequente desabastecimento”, destacou a chefe da Divisão de Vigilância do Programa Estadual de Imunização, Vera Rita da Maia.
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