Por Mellanie Anversa.
Gotas de suor escorriam por todo o corpo. A mente trabalhava para mover o físico, o clima não ajudava. Sempre quente demais, frio demais. Os braços, curtos, fracos, sem quaisquer indícios de malhação, pareciam carregar 200 quilos.
Bolsas, mais bolsas, sacolas, criança e casacos. Dentro das bolsas, pasmem, mais bolsas. Era um acumulado de coisas para não passar dificuldades durante o dia. Nem ela, nem a criança. Tudo era programado, nos mínimos detalhes.
– Corre, estamos atrasadas.
Com uma cara de cansada, pequena demais para correr tanto, ela disse:
– Estamos sempre atrasadas.
Os olhos encheram de lágrimas, surgiu a dúvida “Será que ela merece passar por isso?”. Segundos mais tarde o pensamento vai embora, de longe escuta o motor grosseiro do ônibus. Agora sim, as pernas de fato se moviam tão rápido que com o ritmo virava uma corrida. Deu tempo.
Daí então, as coisas passavam rápidas demais, sempre ensaiado, sempre rotineiro. Finalmente, o suor para e a mente trabalha. Desta vez, a mente soa, faz fumaça e quase pifa.
Como se fosse num piscar de olhos, o dia passa – quem dera. Terceiro turno do dia, hoje de agitar mais a mente. Os olhos quase não abriam mais, a pressão os deixavam vermelhos e baixos, eram aparentes as olheiras. A mente, com 20% do desenvolvimento diário, trabalhava novamente. Era cansativo, exigia muito mais. Tudo era anotado num pedaço de papel, que seria perdido logo ao sair. Acabou, rápido demais – quem dera.
Quarto turno? Esse era o mais cansativo, mas o melhor deles.
A maçaneta da porta foi virada, a porta da alegria fora aberta, o rosto iluminara, os olhos abriam, as olheiras continuavam ali, mas quem ligava?! De longe ouviam-se risadas, aquelas de quem está aprontando.
– Acho que não tem ninguém em casa, melhor eu ir embora.
Os risos viraram gargalhadas.
– BU!!! Oi, mamãe.
As energias, descarregadas, reviviam para aquele momento. Para dar o melhor e mais apertado abraço do mundo.
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